quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Amanhecer - Parte 2


Lembro - mesmo que vagamente - quando li o primeiro romance de Stephenie Meyer: Crepúsculo. Sim, consegui ler completamente, porém, devido à mediocridade literária e intelectual daquela obra, não segui adiante com a "saga" (que não podemos chamar assim, já que não possui história).

As adaptações para o cinema não foram muito diferentes, agradando apenas ao mesmo tipo de pessoa que os livros atraiam: massas sem senso crítico.

Eis que chega o desfecho da saga: Amanhecer - Parte 2, que para a alegria de muitos e tristeza de... quer dizer, quem não fica feliz com uma notícia dessas?

Durante 4 filmes aguentamos os chiliques das fãs, e quando parecíamos ter visto o máximo de lixo, lá vinha no ano seguinte a "saga" mostrando novos conceitos sobre mediocridade. Alguns vão dizer que essa critica está sendo influenciada pelos filmes anteriores - dos quais adquiri ódio. Em parte, já que os 5 filmes fazem, de fato, parte de um todo. Porém, é tamanha falta de cuidado técnico, artístico e até humano com um filme desses que, me desculpe, até as fãs em momentos do longa ficaram indignadas.

Mas iremos nos organizar: após dar à luz a Reneesme, um bebê meio humano e meio vampiro, em um parto complicado e agressivo, Bella se vê em uma nova vida ao lado de Edward e dos Cullens. A notícia da existência de um bebê dessa espécie chegará aos ouvidos dos Volturi, e despertará a fúria do Clã italiano e líder da sociedade 'vampírica', já que crianças vampiras são proibidas por lei. Mal sabendo eles que a criança possui um grandioso dom, os Cullens irão atrás de provas e outros artifícios para a proteção de toda a família, e do bebê. Diante disso, temerosos com o que poderá vir a acontecer, eles reunirão os vampiros mais poderosos do planeta, e mais uma vez, juntos com os lobos da tribo quileute, irão travar a batalha do século, onde o misterioso poder de Bella será revelado.
A começar pelos diálogos, que mesmo diante de problemas catastróficos, podemos nos arriscar a dizer que sejam o pior do filme - e isso tem muito peso. Nada funciona: em partes românticas somos afetados pelo quão Edward é vazio e suas declarações chulas só soam como pieguice. Aliás, os vampiros não parecem ter nada para fazer e só ficam falando de banalidades inúteis. Isso sem contar a falta de costura na narrativa, onde o filme parece ter sido feito com total pressa, sem o mínimo de cuidado em nos explicar o porquê e como os personagens chegaram a tal ponto - são apenas cenas bobas vomitadas diante da tela.

(Ah, será que alguém pode me explicar qual é o diabo do motivo que toda vez que alguém vai fazer uma "revelação", todo vampiro corre para ficar cara à cara com essa pessoa? Sério, você precisa chegar tão perto? A audição é tão ruim assim?)

Em aspecto de atuação o longa deu uma melhorada. Kristen está mais interessante, mesmo que alguns momentos expresse caretas toscas - mas podemos perdoar, pois vemos que ela está tentando acrescentar mais expressão à sua sonsa personagem. Robert está razoável, sem fazer aquelas caras e bocas dos filmes anteriores. Agora, o elenco de apoio é horrível: todos estão sempre com a mesma cara de nojo - coisa que só piora pelo fato do diretor escolher em focar toda santa hora no rosto dos personagens. Michael Sheen parece estar tirando sarro diante das câmeras - pois sabe que se meteu em uma enrascada.
Ui, bolada!

A trilha sonora é pavorosa. Sabendo que seus atores não irão sustentar os momentos dramáticos, o diretor coloca um monte de músicas apelativas para enfatizar o tom de cada momento - porém, fica clara a insegurança.

O desfecho também não possui uma trama: a filha dos dois parece estar lá só de enfeite para desenvolver um forçado - e claro - argumento de um possível clímax. Entretanto, o filme contradiz o que estampava os cartazes de Final Épico, levando-se na palhaçada.

Na verdade, o filme inteiro parece zoar com a história de Meyer e sua falta de criatividade. Só que se construíram 4 filmes pra se admitir como porcaria, preferia ter ficado com Os Vampiros que se Mordam (por mais ruim que este seja).
Santo Odin, livrai-me dos demônios!

Os efeitos especiais são risíveis: a criança/bebê no inicio é muito artificial - fazendo com que os também ruins lobos digitais pareçam o Gollum de O Senhor dos Anéis. As cenas de luta e outras demonstrações de poderes dos vampiros usam clichês de cena de ação, com slow motions e poses - a suposta Batalha Final é um dos eventos mais patéticos do cinema de ação.

Só que, de certa forma, existem algumas luzes em Amanhecer. Se nos antigos filmes da saga o argumento machista de que a mulher teria que ficar submissa diante do homem, largando todos os seus projetos, amigos e famílias para depender de um ser não menos que chato, agora Bella ganha um desenvolvimento interessante como vampira: ganhando no braço de ferro dos homens e chutando algumas bundas, não se mostra uma personagem inteiramente sonsa - por mais que burra.
Atuação de chorar de rir!

Porém, se de um lado o argumento de retrocesso foi diminuído (veja, não extinguido completamente) temos, provavelmente, a sub-trama mais patética do milênio. Sim, estou falando dos impulsos pedófilos de Jacob diante da filhinha bonitinha de Bella - e isso rende algumas piadas voluntárias e involuntárias durante a película.

E isso não termina por ai: todos os conceitos intelectualmente imbecis que foram construídos durante a "saga" só são, infelizmente, ampliados.
Oh, que fofura... só que não!

Em O Império Contra - Ataca, Luke desiste de todos os seus bens para partir numa difícil jornada psicológica e física com seu mestre Yoda, para aprender sobre a Força e, assim, adquirir mais conhecimento.

Já em Harry Potter, o "Menino que Sobreviveu" entende que sua existência é nula diante do conjunto e da união que toda a população de bruxos inocentes pode ganhar, e então entrega-se à Voldemort aceitando a morte para uma causa maior.

Frodo, na saga de Tolkien, correu altos perigos e mesmo que o Condado não tenha na a ver com a Guerra, se sacrificou para salvar a Terra-Média inteira. E, mesmo depois, continua uma jornada de exploração e conhecimento com Gandalf.

"Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", dizia Tio Ben. Aqui, em Crepúsculo, mesmo com os vampiros tendo uma enorme fonte de poderes, cagam e andam para os problemas humanitários e só querem saber de dirigir Jaguar, andar de jaquetas e camisas de marca, sem atitude ou personalidade. O único momento em que tiram suas bundas na cadeira é para salvar a própria pele. Neste mundo pouco criativo de Stephenie Meyer, a superficialidade reina. Uma galeria inteira de personagens intelectualmente - até mesmo eticamente - desinteressantes, que não parecem aceitar sua finitude e se rendem ao egocentrismo (e o próprio diretor impulsiona isso, sempre focando a câmera nos rostos dos atores sob ângulos altos), combinados com uma escrita prolixa. Essa é a "saga".

Nos momentos que deveriam ser sérios e "épicos", vemos pessoas com uma maquiagem exagerada, pularem de lá para cá, mais preocupadas em fazer poses ou deixar o cabelo arrumado do que, de fato, serem úteis.

(E olha que nem comentei da forma ofensiva - e burra - que Meyer retrata os brasileiros. Ops...)
E esse olhar de pedófilo, hein, Jacob?

Pode parecer exagero, mas essa cine-série não serviu para nada. Harry Potter, além de ser um pacote cinematográfico que se sustenta maravilhosamente, também se preocupou em formar uma geração de cinéfilos, fazendo jovens procurarem e saberem dar o certo valor à clássicos cineastas como Kubrick, Bergman, Chaplin e etc. Com as famosas "crepusculetes" esse não me parece o caso. Essas fãs parecem estar tão acomodadas quanto a própria protagonista da série que amam.

Claro que você pode ir para o cinema e dar boas gargalhadas com essa "saga" que sempre se assumiu como palhaçada. Porém, eu, como ser racional e pensante, me senti ofendido.

NOTA:





1 Joker



Trailer: 

Trailer dublado, tá? Até porque as fãs da saga nem devem saber ler...

NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 1/10
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