sexta-feira, 8 de março de 2013

[Crítica] Caça aos Gangsteres

Antes de começar essa crítica, vamos deixar algo claro: clichê não é o que você pensa. Não, não é porque uma história divide mocinho vs vilão, ou porque tem um final feliz que a torna clichê - esse tipo de simplificação normalmente leva à ignorância artística. Os arquétipos sempre devem fazer parte de uma boa história - assim como a profundidade nos personagens, a sensibilidade e a inteligência. Se uma obra não tiver algum desses quesitos pode muitas vezes cair em artificialidades, no superficial - ai sim o clichê.

Dito isso, vale lembrar grandes clássicos policiais que usam o tradicional para fazer algo mais autoral, crítico, pensante. Os Intocáveis, do De Palma, é uma grande homenagem ao ato de fazer (e ver) Cinema. Ou o recente Os Infiltrados? Scorsese pegou uma história batida para transformar em um dos seus trabalhos mais críticos. Mas, existem sim, obras que são meras reciclagens de outros exercícios de gênero, dando em resultados normalmente inofensivos - assim como o superestimado Drive.

Caça aos Gangsteres enquadra-se no segundo exemplo. Claro, ele está longe de ser ruim; é sim suportável. Há, contudo, a forte sensação de depois da projeção ter visto o cúmulo do desnecessário - uma produção que pouco se arrisca, mas erra muito.

Los Angeles, 1940. O cruel rei do crime nascido no Brooklyn Mickey Cohen (Penn), comanda a festa na cidade, ficando com um pedaço dos ganhos das drogas, armas, prostitutas e - se ele puder - cada aposta feita a oeste de Chicago. E ele o faz não apenas com a proteção de seus capangas, mas também policiais e políticos sob o seu controle. Essa influência é suficiente para intimidar até o mais bravo e durào dos policiais... exceto, talvez, o pequeno e secreto grupo liderado pelo Sargento John O'Mara (Brolin) e Jerry Wooters (Gosling), que se juntam para tentar colocar um fim no império de Cohen.

Contando com uma péssima direção de Ruben Fleischer, Caça aos Gangsteres é o típico filme unidimensional que será esquecido minutos depois do fim. O abuso de clichês e a previsibilidade são tantos que até chegamos a nos questionar se não é proposital; o uso da trilha sonora é uma união de restos de outras, formando algo extremamente genérico - quando o vilão surge, tons graves; os heróis, bombástica; conflito de relações, melodrama (apelativo e caricato). Da mesma forma como o cineasta não tem vergonha em compôr cenas tontas e ultrapassadas - os heróis andando em direção à câmera enquanto algo explode no fundo, ou o slow-motion punheteiro.
Ele tem sim seus momentos; a violência ali é sem limites, tornando as cenas de ação bem envolventes (se bem que o desfecho acaba com tudo isso por ser repetitivo demais). Além do mais, o uso humorístico através dessas cenas é curiosíssimo: percebam, por exemplo, uma certa de assassinato onde a transição para outro ambiente é um close no hambúrguer - tiro o chapéu; foi realmente espirituoso.

O desenvolvimento de personagens é outro problema; os dilemas são colocados de forma muito forçada, o que atrapalha na identificação - o peso dramático com o protagonista sofre bastante disso. O vilão Mickey Cohen também é absurdamente cartunesco - o pior mesmo é quando o vemos chorando após perder uma luta com o policial. Também fica clara a tentativa de trazer questões sociais, ou até mesmo críticas - mas novamente sofre pela artificialidade ao atacar alvos já centralizados pela mídia e não ir além; o "além" falta muito aqui.
Caça aos Gangsteres é, em suma, um projeto estritamente comercial para reunir astros (nem preciso comentar as atuações com esse elenco, pois sinto que estaria desrespeitando sua inteligência) talentosos chamando o público e, talvez se aproveitando de uma parte que pouco conhece de cinema, embutir algumas frases de efeito pretensiosas.

PS: a cena do massacre no cinema foi sim cortada do longa (por motivos pseudo-éticos em relação ao acontecimento em Aurora); enfim, estamos em um mundo onde os artistas são controlados, desisto.

NOTA:

5 Jokers!

Trailer:


















NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 5/10
    Gustavo: 5,5/10

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