quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Cosmópolis


O novo filme de David Cronenberg está em cartaz, e vem causando grandes polêmicas na tal relação crítica-público (umas 10 pessoas desistiram no meio da sessão). Mas por que esse alarde? Talvez seja pela completa e estranha sensação de nonsense diante de mais de 1h e meia de produção.

Em um cenário cyberpunk surrealista, Cosmópolis conta a história de um bilionário empresário de 28 anos, que passa a maior parte do tempo em sua limousine, discutindo sobre dinheiro, ações e o mercado com pessoas tão fascinantes e esquisitas quanto ele. Não existe trama. Não existe conflito, apenas diálogos, personagens diferenciados e um ambiente frio e distante - assim como todos os elementos deste filme.

Robert Pattinson que dá vida ao executivo Eric Parker. E estranhamente, faz isso de uma forma convincente, atuando com expressões calculistas, robóticas, sádicas mas sábias. Porém, me desculpe a piada, é difícil aceitar que esse cara, de acordo com o filme, "exale sexualidade" (se levarmos em consideração que ele já fez um vampiro de 100 anos virgem).

A parte técnica, em geral, é muito boa. A fotografia de inicio deixa o cenário artificial, com pixels e cores sintéticas (algo extremamente coerente com a "mensagem"). A montagem dos cenários e algumas escolhas para as cenas só passam mais confusão e surrealismo (por que um bilionário iria numa lanchonete?).
Talvez, algo diferenciado sobre o novo de Cronenberg é que ele não é um filme para todos os públicos. Nem mesmo para aquele "público diferenciado". Não espere drama ou qualquer clímax, pois este longa tem um tom crítico, e que só serve se você é um daqueles que já vai ao cinema aceitando que só irá extrair alguma reflexão (principalmente questionando o dia-a-dia/capitalismo).
A narrativa tem sérios problemas, mas que, de certa forma, compensam com inteligentíssimos e diferenciados diálogos, que refletem sobre o capitalismo, a robotização do ser humano e o futuro. Os personagens agem como robôs, tem assuntos aleatórios, e parecem estar indiferentes em relação à tudo (inclusive, existe uma excelente cena em que Eric apenas bate-papo dentro de sua limousine no meio de uma rebelião). Afinal, talvez seja isso que o diretor queira passar: uma sensação dura, repulsiva mas acima de tudo questionadora. Será que realmente estamos evoluindo do jeito certo? Essa é a única forma de ver o futuro - com tecnologia e falta de emoção?

De qualquer jeito, mesmo desgostando do filme, ele vale por alguma coisa: quem sabe as crepusculetes vão ao cinema ver o Pattinson e acabam se interessando pela filmografia do Cronenberg... Ou viajei demais?

NOTA:





9 Jokers!




Trailer:



NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 9/10
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