quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Dredd


Filmes pós apocalípticos com distopias críticas estão ficando cada vez mais comuns na cultura pop. Mas se esse ano, o sucesso de bilheteria Jogos Vorazes nos trazia uma produção contra o sangue, Dredd vem para cuspir na cara dos diretores. Só que, tudo tem seu preço, e por mais chocante que a narrativa possa parecer, não é preciso nem de 1 segundo de reflexão para desmascarar essa produção (ou, com trocadilho, tirar o capacete).

Vamos para a velha história: houve um desastre e agora a sociedade de encontra em completo caos, com mega populações e violência. A lei está nas mãos do Juízes, e o mais temido é Dredd.

Se pelo menos expandissem o universo, ou extrapolassem o usual, Dredd seria um filme mais respeitoso. O problema talvez seja que para o brasileiro o foco de roteiro não seja novidade. Estou dizendo isso porque a semelhança temática e narrativa entre o longa britânico e o famoso Tropa de Elite é gigante.

Me acompanhe: temos uma sociedade disfuncional (Mega City/Rio), um policial com métodos brutos (Dredd/ Capitão Nascimento) que precisa invadir um prédio/favela para capturar um comandante de um grande gangue que causa medo na comunidade: Ma-Ma/ Baiano. Claro, não podemos culpar Dredd por ser parecido com algo que apenas os brasileiros já viram. Entretanto, o fator que incomoda à qualquer um que já tenha visto os dois filmes de Padilha, é que estes são bem mais eficiente no que se propõe.

Tropa de Elite foca nos problemas da sociedade em geral, e explorando como uma comunidade defeituosa pode afetar diretamente a vida das pessoas que a habitam, com um protagonista muito bem explorado, de caráter humano e dramas naturais, fazendo com que a identificação, mas ao mesmo tempo a crítica, surjam facilmente. Já o filme de Pete Travis tenta erroneamente ser polêmico, mas só se limita à slow motions e um personagem unidimensional, que cede ao esteriótipo óbvio de policial durão, com uma parceira feminina com senso ético. Sério, não vejo um filme tão óbvio assim desde Avatar.
Verdade é que Dredd é um filme de baixo orçamento e feito por um cineasta independente. O que poderia ser algo bom, acaba se tornando devastador. Fica óbvio que Travis quer levantar uma bandeira de liberdade por parte de diretor, e tenta apresentar conceitos novos apenas para causar alguma polêmica. As cenas de ação, que partem com a premissa de não poupar o espectador, mostrando de fato uma violência, acabam se transformando num serviço de sangue desnecessário e excessivo, apenas para dizer: "Hey, sou independente, e coloco o quanto de sangue que quiser". Pior ainda é a desculpa do slow motion: os bandidos usam uma droga chamada "Slo-Mo" e tudo fica em câmera lenta e brilhante. Me parece que nem Zack Snyder inventaria algo tão esfarrapado.
Os diálogos vão além de vergonhosos. Nem Schawrzenegger, no ápice de O Predador, conseguiria inventar algo tão clichê. Exemplos: " Prepare-se, pois o julgamento irá começar", "Estava esperando ela atirar em você" e "Só não te mato porquê minha cota já está negativa demais hoje" doem nos ouvidos. Isso porque citei apenas alguns exemplos práticos, pois o resto deve ser memória reprimida.

Perceba que, apesar dessa crítica estar sendo extremamente negativa, o novo Dredd não é um desastre. O problema é que se tivesse sido realizado por pessoas um pouco mais competentes , as chances de um resultado de obra extremamente inteligente são grandes. Verdade é que se tornou apenas em um pipocão.
As cenas de tensão são ótimas. Trancafiados no ambiente claustrofóbico de corredores estreitos, os policiais correm perigo a toda hora. Os cenários favelados também contribuem para o tom misterioso e suspeito do lugar. Mas este é o máximo que Dredd consegue atingir: te prender na cadeira. Isso sem contar com o 3D já filmado desde o inicio e não convertido. Então temos algumas surpresas e profundidade na imersão.

Engraçado é que, mesmo querendo causar polêmica, ao final o cineasta Pete Travis desiste e segue as convenções hollywoodianas, trazendo um final feliz e bem resolvido. Com essa contradição, ficamos com a impressão de que o diretor não é tão independente quanto pensa.

NOTA:





4 Jokers


Trailer:



NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 4/10
Gustavo: 8/10
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