quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Argo


O novo filme de Ben Affleck, Argo, é possivelmente a produção mais aclamada pela crítica mundial (americana, especialmente) esse ano. Verdade é que a premissa já é uma das mais divertidas e irônicas (ironia, na verdade, é algo que se repete muito aqui) do ano: um filme que retrata uma história verídica (fazendo homenagens à Hollywood) de como um filme ficcional salvou o vidas inocentes diretamente.

Em 4 de novembro de 1979, enquanto a revolução iraniana atinge seu ápice, militantes atacam a embaixada dos EUA e tomam 52 americanos como reféns. Mas em meio ao caos, seis pessoas conseguem escapar e se refugiam na casa do embaixador canadense. Sabendo que é apenas questão de tempo até serem encontrados e mortos, o especialista da CIA em “exfiltração”, Tony Mendez (Affleck), arquiteta um arriscado plano para colocá-los com segurança para fora do país.

Iniciando com um prólogo extremamente documental, Argo brinca entre o real e o exagero (típico de Hollywood) do inicio ao fim. O mesmo se vale, por exemplo, ao fato de o roteiro sempre querer deixar claro que consegue equilibrar muito bem o patriotismo iraniano e americano. Além de, claro, também se dividir entre a comédia e ação.

Nesse sentido, fiquei surpreendido com Affleck: não havia visto seus trabalhos anteriores e este é aqui tem claramente sua qualidade particular. A direção, o carisma, atuações e roteiro bem encaixado fazem jus a reputação que ganhou mundo à fora.
E quando digo que nosso querido ex-Demolidor está bem, digo seriamente: como ator, finalmente, posso dizer que fiquei convencido. Affleck consegue passar as expressões certeiras do seu personagem (por mais que este não seja de grande complexidade...).

A direção também funciona bem: temos momentos muito bem equilibrados de tensão e emoção. Em especial, toda a sequência da fuga pelo aeroporto é carregada com uma tensão muito inteligente. Particularmente, devo destacar a parte de checagem de vistos, onde Ben Affleck tira completamente o som (a não ser as vozes dos diálogos), onde o momento em que o carimbo se choca com a identidade não é nada mais como uma trombeta de alívio, pois de fato, com uma situação tão pequena, você consegue ficar grudado na cadeira.
Os temas de Argo também são cativantes: este longa metragem serve para dizer como o patriotismo em excesso pode causar atitudes inumanas, em todos os sentidos. Isso, claro, sem contar as encantadoras referências aos filmes de ficção científica americanos (Star Wars, Planeta dos Macacos...).
Só que nem tudo é flor que se cheire. Argo tem seus defeitos. Muitas vezes não consegue deixar claro se o que acontece na tela é, de fato, ironia, e ficamos com uma sensação de incoerência. Por exemplo, por que depois de construir todo um argumento anti patriotista e deixar a bandeira dos EUA em uma das cenas mais emocionantes? Ou, se o filme inteiro é uma grande homenagem à Hollywood, por que banalizar a própria em alguns diálogos (ao invés de reconhecer de uma vez seu valor artístico)?

Entretanto, a grande incoerência que a crítica mundial apontou foi: se o longa tem todo um aspecto de tratar a história como realidade, para que fazer um final tão artificial? Ora, antes de se tratar de um argumento realista, Argo é, acima de tudo, uma declaração de amor. Nesse momento, só nos resta lembrar (e comemorar, por que não?): é Hollywood!

NOTA:





7 Jokers

Trailer:



NOTAS DA EQUIPE:
Gustavo: 9/10
Rafael:     9/10
Vinicius:  7/10
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