quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] O Hobbit - Uma Jornada Inesperada


Havia acabado de sair da sessão de O Retorno do Rei quando comecei a ver O Hobbit. Se já havia dito que, para Peter Jackson, após fazer uma trilogia épica como aquela só poderia acertar em seu novo projeto, esse sentimento foi reforçado. E talvez seja por isso que essa crítica será redigida como será.



Já é dos livros que sabemos que O Hobbit é algo muito menor que O Senhor dos Anéis. E não digo apenas na escala épica, mas como metafórica, intelectual. O primeiro livro de Tolkien é mais superficial, voltado ao entretenimento. Foi a partir de A Sociedade do Anel que ele cresceu.

Ao voltar para a Terra-Média, Peter Jackson teria que alcançar três objetivos: fisgar essa nova geração, agradar o fã literário e voltar com aquilo que agradou nos cinemas. Mas será que ele conseguiu os três de uma vez? Os dois primeiros itens, pelo menos, estão garantidos.

O roteiro é o grande ganho do filme, pois preocupa-se em criar elos com a trilogia O Senhor dos Anéis. Além de acrescentar mais peso à aventura, também ajuda a reforçar alguns arcos e até dar mais motivo pro filme. E nos deixa curiosos para continuações.

Além disso, o longa capta a áurea infantil dos livros, deixando claro que é um filme cujo público alvo são crianças. Claro que a obra perde bastante em relação a trilogia anterior, mas acho que Peter Jackson sabia que esta era impossível de ser superada. Mas o fato de ter essa grande inversão de tom repentina traz alguns aspectos ruins.
O primeiro deles é largar a identidade visual já antes estabelecida. Não dá para comprar que aquele lugar, totalmente diferente da trilogia original, é a Terra-Média. O lado medieval simplesmente é deixado de lado, para dar espaço pra cores gritantes e um estilo mais fantasia dos anos 80. Ok, é um filme para crianças, isso era necessário. Mas defendo que esse tipo de mudança - tão radical - poderia ter sido feita com um pouco mais de sutileza. Algo gradual. Ficou muito Disney, do nada.

Porém, os diálogos ficaram melhores, mais ágeis. Há um gigante espaço pra humor, e é bem colocado e divertido. As partes dramáticas são excelentes, principalmente pela abertura de Gandalf - esse que sempre foi meu personagem favorito da saga.
Sim, às vezes o filme abusa do clichê. Radagast é o pior personagem e o mais caricato da saga. Azog ficou como um claro uso - e patético - de roteiro para criar um vilão - por mais que esse não tenha nenhuma profundidade. E o abuso de Deus Ex Machina (ou Gandalf Ex Machina) chega a ser impressionante, se considerarmos que estamos no século 21.
Mas será que isso importa tanto? Estamos ali: de volta à Terra-Média. Fonte máxima do universo nerd e a prova da infinitude da criatividade humana. E Jackson é eficiente em continuar explorando isso: lindos são os planos mostrando a magnitude do universo. Combinados com a potente trilha sonora, figurinos ricos, fotografia deslumbrante... até o mais "hater" irá se encantar.

Andy Serkis novamente mata como Gollum. A computação melhorou, e muito. Acho que finalmente posso dizer que chegaram na perfeição. Simplesmente impecável. E somada com a atuação de Serkis, que sabe cada etapa daquela complexa criatura, fica um show à parte.
E o que dizer de Bilbo? Martin Freeman é o Bilbo. O ator compôs um personagem extremamente agradável e puro, pela forma de andar, falar e agir. A importância que é dada ao personagem chega ser emocionante: logo percebemos escancaradamente a analogia que Tolkien fez entre o Condado e a pacata vida da Inglaterra. É o drama de ser um espirito livre, mas ser obrigado a viver cotidianamente... O grande mote da história, sem dúvida. Como fã de RPG, um deleite.

No quesito adaptação, por um livro curto ter sido divido em três partes, nem preciso dizer que ficou fiel. Mas o problema já é algo que dizia bem antes: ficou forçado. O ritmo, mesmo com os três anteriores absurdos, é o mais irregular da série. O inicio é arrastadíssimo (dica: não pegue sessão de meia noite). O pior é que sabemos ser sem necessidade.
Quanto ao polêmico 48 quadros por segundo, simplesmente não incomoda. É bem detalhado, bonito graficamente. Mas também não é tudo isso que falaram. Não é nenhuma reviravolta no cinema, com absoluta certeza. Só que não é o desastre que outros diziam - por mais que existam algumas cenas com um resultado muito artificial.

Longe de ter aquela escala dramática, existencial e épica de O Senhor dos Anéis, O Hobbit é uma diversão de primeira e serve como um ótimo ponta pé inicial para a Terra-Média. Sem contar que atrairá uma galera mais nova, que se gostarem desse, mais tarde correrão atrás da trilogia original.
E não que tenha deixado seu conteúdo metafórico de lado: em uma cena durante o terceiro ato, Bilbo foge da caverna de Gollum com o "Precioso". A criatura, porém, ao invés de sair e correr atrás, apenas fica e se lamenta - presa na caverna.

NOTA:




7 Jokers!


Trailer:
 

NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 7/10
Gustavo: 7/10
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