quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Meia-Noite em Paris



Woody Allen é um dos poucos cineastas tão apaixonados pela arte e pelo o que faz; seus filmes normalmente se passam no ambiente intelectual - seu público alvo, se formos pensar -, sempre trazendo homenagens, referências e discussões em torno das personalidade artísticas. Meia-Noite em Paris é o ápice disso. 

A história narra Gil (Owen Wilson), um homem que sempre idolatrou os grandes escritores americanos e quis ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que por um lado fez com que fosse muito bem remunerado, por outro lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir para Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.

Como sempre, Allen gosta de colocar sua própria personalidade em seus protagonistas; lógico, ele sempre prefere algo mais caricato, porém é isso que torna divertido. O cineasta é um dos poucos (colocaria apenas ao lado de Clint Eastwood e Tarantino) que consegue manipular o desenvolvimento de personagens perfeitamente, a ponto de, apesar de serem compostos por nada mais que estereótipos, não ser um incomodo - na verdade, é isso que os torna divertidos. 
Owen Wilson se aproveita disso e compõe um personagem que rapidamente - apenas pelo tom de voz - nos remete ao próprio Allen atuando em Annie Hall ou Manhattan. Pois Gil é um personagem muito identificável, principalmente pela sua doçura, busca existencial e conhecimento artístico.
Por isso que Meia-Noite em Paris não pode ser considerado uma comédia-romântica; ele tem boas doses de comédia, mas é muito mais um trabalho dramático - e dos bem tocantes. É um filme sobre nostalgia, o amor pela cidade e pela Arte - um orgasmo para qualquer fã do diretor. 
Nisso, Woody Allen consegue sair-se perfeitamente na direção, investindo em sons clássicos, uma fotografia clara e amarelada, exatamente para remeter à um sentimento nostálgico; é isso que torna este um de seus trabalhos mais lindos. 
As homenagens à arte estão mais do que claras, ainda dando um espaço para um humor finíssimo; nosso protagonista encontra os seus escritores e pintores favoritos da época, onde eles discutem os princípios e as maravilhas de poder se expressar. E mais espirituoso do que nunca, a forma caricata com que são moldadas personalidades como o escritor Ernest Hemingway e cineastas como Luis Buñuel (inclusive, existe uma grande piada com seu filme, O Anjo Exterminador, que faz qualquer cinéfilo se deitar na cadeira de tanto rir) são muito divertidas. 
E, claro, como qualquer filme do autor, tem que ter uma declaração de amor à vida cultural das cidades; já nos primeiros minutos ele contempla (quase babando ovo) Paris. Os clássicos de filmes urbanos, como a chuva caindo a noite, também são homenageados. 
O resultado final é um dos mais sensíveis trabalhos já concebidos pelo diretor. É leve, inteligente, bonito e tocante (para qualquer um que já desejou viver em outra época - eu, nos anos 60).

Cineasta morto? HA!

NOTA:





9 Jokers!

Trailer: 


NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 9/10
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