Lá em 1999, o mundo se surpreendeu com um dos projetos mais ambiciosos do cinema contemporâneo e um dos melhores filmes que a ficção científica já produziu: Matrix. Porém, seduzidos pelo poder ($) não custou muito para que os talentosos irmãos Wachowski contradissessem todos os grandes conceitos em continuações (Matrix 2 e 3). São por esses e tantos motivos que todos estavam com o pé atrás para o que prometia ser seu novo projeto grandioso para a fantasia: Cloud Atlas (me recuso a chamar pela tradução - "A Viagem").
Potencial que segue seis histórias que vão e voltam no tempo, com personagens que se cruzam, desde o século 19 até um futuro pós-apocalíptico, cada um deles narrador de sua história, de um simples viajante no Oceano Pacífico em 1850 à uma jornalista durante o governo de Ronald Reagan na Califórnia. "Tudo está conectado" anunciavam os cartazes... Será mesmo?
Contando com uma direção de arte magnífica, que consegue criar ambientes únicos e ricos em detalhes, Cloud Atlas atravessa diversos lugares e épocas, nos fazendo acreditar nisso: desde a cidade futurista até os tempos mais primórdios, os efeitos especiais, figurinos e as maquiagens (essas que são uma das mais belas que já pude presenciar) acrescentam elementos particulares e diferenciados para cada narrativa, só aumentando o tom de grandiloquência da produção.
Já o elenco estelar faz jus a fama: todas as atuações são impecáveis e mostram a versatilidade de cada ator. Tom Hanks trabalha muito bem a mudança de entonação de voz e varia com sutiliza suas expressões, exatamente para manter uma essência em cada um de seus personagens (que na verdade são o mesmo). Halle Berry é outro destaque: como todos os seus papéis principais (já que todos fazem uma ponta em cada trama) são dramáticos, a atriz carrega muito bem o peso evocando com muita sensibilidade o sentimento de cada situação (todas diferentes mas melancólicas). Hugo Weaving também fica firme como vilão definitivo, investindo em expressões tão obcecadas quanto as do Sr. Smith (Matrix) - não que sua participação como enfermeira do asilo não seja de matar de rir. Enfim, todas as atuações são do nível ótimo para excelente.
Cena linda, by the way
É uma pena, portanto, que o filme caia em falácias comprometedoras. Tentando passar uma mensagem (aqui, na verdade, soa mais como imposição de ideias) de que existe vida após a morte, o roteiro aborda tal tema de forma tão clichê, boba e ingênua que qualquer pessoa que não seja muito chegada em espiritismo será distanciada facilmente (acho que aqui até os que creem em tal coisa devem reconhecer o quão forçado esse "argumento" é construído).
Ironicamente, essa é a principal barreira de Cloud Atlas: não conseguir unir e crença com a descrença, o otimismo com o pessimismo, o irreal com o verdadeiro. Temas abordados de forma muito melhor em Matrix.
NOTA:
5 Jokers
Trailer:
NOTAS DA EQUIPE:
Vinicius: 5/10
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