quinta-feira, 7 de março de 2013

[Crítica] Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte II


O Cinema já teve muitas sagas; entre essa grande linha, poucas foram as que realmente conseguiram se firmar definitivamente nas suas páginas. A série Harry Potter, que começou há 10 anos, com um tom extremamente ingênuo e infantil, evoluiu, cresceu - assim como o seu público. Filmes passaram, diretores também. Cada um acrescentou sua visão daquele fantástico mundo de J.K. Rowling. O resultado desse crescimento? O ápice da fantasia no cinema, uma enorme obra que com certeza se enquadrará nesse seleto grupo de sagas que sempre são lembrados pelos verdadeiros cinéfilos.

Nessa última parte da saga, Harry, Rony e Hermione continuam atrás das Horcruxes, necessárias para derrotar Voldemort, que agora se encontra no poder e transformou o mágico mundo bruxo no que podemos simplificar através de sentimentos como medo e caos. É a batalha final; tudo acaba aqui.

Começando já do ponto onde havia parado, Relíquias da Morte - Parte 2 não poupa nada no quesito ritmo; as personalidades, o universo e as situações já estão muito bem firmadas - sabemos o que está em jogo. Portanto, não estranhe se quando acabar a sessão você sair com a sensação de estar anestesiado: é uma montanha russa de emoções. 

David Yates, que assumiu os três últimos da saga e fez logo os melhores, se mantém incrível. Sua direção sempre foi com um foco mais sensível e psicológico dos personagens, e aqui enxergamos seu auge. Compreendendo o universo todo já construído, o diretor prefere trazer um significado humanista para produção (longe da manipulação hollywoodiana) sempre respeitando a inteligência do espectador. Logo, em uma batalha decisiva como essa, sabemos que um diretor qualquer colocaria uma trilha sonora exaltando glória, mas Yates assume algo mais introspectivo, melancólico - as mortes são cruas, a guerra não tem glamour, apenas o impacto pesado na moralidade de nossos personagens. As pausas para vermos os protagonistas filtrando tudo o que está acontecendo dá um tom de dureza (é angustiante ver Hogwarts sendo destruída). 

Da mesma forma como ele continua com uma lógica visual impecável: em vários momentos, durante a batalha, sua câmera capta o trio principal de cima para baixo, assim a sensação passada é de extrema vulnerabilidade - eles podem morrer.
Novamente a atmosfera é sombria ao extremo (a fotografia escura e os figurinos refletem bem isso), até porque esse é o mais soturno dos filmes  - o tema morte é especialmente abordado aqui. Os efeitos especiais contém muita verossimilhança (em nenhum momento percebemos que são CGI), e logo os duelos parecem mais mortais do que nunca.
Outro aspecto impressionante é a evolução dos personagens; Hermione (Emma Watson sempre bem) e Rony não são meramente apoio, mas sim tão decisivos quanto Harry. Por falar nele, Daniel Radcliffe está realmente inspirando, longe do hesitante garotinho dos primeiro filmes. Nosso protagonista mudou, agora decidido a enfrentar o fardo imposto, e também mais idealista do que nunca - mas claro, ele continua sendo um ser humano como todos, o que confere complexidade à sua personalidade.

Afinal, o que segura Harry Potter não é "só" o fantástico e criativo universo, mas sim seus personagens; por isso Yates foi o melhor a assumir: é o que mais os compreende. Snape talvez seja o maior exemplo disso: agora com a fantástica atuação de Alan Rickman (fantástica MESMO) vemos a sua complexidade, trazendo um dos melhores arcos da série inteira, assim como uma das partes mais emocionantes - um primor de sensibilidade. Além do mais, é delicioso ver personagens como Neville e a Sra. Weasley crescendo e sendo extremamente decisivos no final.

Como ação, funciona perfeitamente, já que a tensão (muito provavelmente relacionada com a apavorante atuação de Ralph Fiennes como Voldemort) e as sequências de ação foram muito bem construídas - a extensão do duelo final foi um acerto em cheio, já que aumenta ainda mais o tom épico adotado desde o inicio. Porém, o que realmente marca é o nosso envolvimento com cada um que preenche essa história; o termo épico, na verdade, deveria ser aplicado ao escopo de emoções que o longa consegue alcançar - senão, qualquer filme de ação acéfalo poderia receber esse adjetivo. 
Cada situação, cada reviravolta e momento de catarse são compostos com muita delicadeza (Yates chega até a fazer uma referência ao Sétimo Selo!); a série cresceu, os sentimentos e os temas também. A aceitação da morte (e o medo também), a crítica ao conformismo, a sociedade retratada de forma espantosamente pessimista, para então chegarmos a conclusão que apesar do ser humano carregar muito ódio, a grande chave para tudo é o Amor - é o nosso sentimento mais nobre, e é por ele que vale a pena lutar e se sacrificar. Poético e (por que não?) utópico. 

Crescemos. O mundo colorido de Columbus se transformou nas sombras e no cinza de Yates; descobrimos que a nossa vida não é tão mágica, mas sim cercada de preconceito e desigualdade. Mas talvez o que a série inteira queira dizer é que não adianta ficar parado - enfrentar tudo isso faz parte. 

Uma coisa é mais certa: esse monumental filme, assim como essa monumental saga ficarão não só eternamente fixados como um marco cinematográfico, mas também como um marco numa legião de pessoas, seja as que permaneceram pelo gigante elo com tudo criado ou mero escapismo. O trem de Hogwarts sempre estará nos esperando. 

Obrigado, Chris Columbus; obrigado, Alfonso Cuáron; obrigado, Mike Newell e obrigado à David Yates. Mas, acima de tudo, obrigado à vocês três: Harry, Rony e Hermione. 

“Não tenha pena dos mortos, Harry. Tenha pena dos vivos; e, especialmente, dos que vivem sem amor” Dumbledore

NOTA:




10 Jokers!



Trailer: 


NOTAS DA EQUIPE:
Gustavo: 10/10
Pedro:      8/10
Rafael:      9/10
Vinicius:  10/10
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